quinta-feira, 2 de abril de 2015

Como ser melhor?

Nesta semana, postei sobre um estudo que fizemos em casa e que falava sobre a evolução moral e espiritual.
Pois bem, uma das grandes sacadas que tive ocorreu há mais ou menos seis anos...
Meu filhote teve problemas no parto e fomos orientados a procurar uma série de especialistas para verificar seu estado físico e mental. Depois de várias e várias consultas, um neurologista emitiu um parecer: nosso filho sofreu de falta de oxigenação no cérebro, o que levou a uma Paralisia Cerebral leve, de certa forma, já que seu dano fora motor e a cognição dele havia sido preservada.
Até os três anos de idade, toda locomoção dele se dava de joelhos: jogava bola, cantava, pulava... Tudo de joelhos.
Naqueles tempos, eu todo impaciente e apressado com tudo, tive que começar a mudar de comportamento. Junto com minha esposa, iniciamos o tratamento para a reabilitação de nosso filho. Após várias experiências frustrantes em  diversas clínicas e termos passados por vários profissionais, depois de três anos, nosso filho iniciou seu tratamento no Instituto Baiano de Reabilitação onde, já na primeira consulta com o ortopedista, fomos sugestionados pelo médico a submeter nosso filho a uma cirurgia de alongamento de tendões nas duas pernas. Esta operação fez meu garoto ficar em pé e, com o auxílio da equipe de fisioterapeutas, dar os primeiros passos com seu andador.
Alguém consegue imaginar o que é esperar quase quatro anos para ver seu filho andar? Pois é. Esta foi a primeira grande mudança: paciência.
Logo depois, mais uma. Minha intolerância e irritabilidade para quando as coisas não saíam como eu queria ou no momento por mim esperado, fazia meu filho afirmar que eu, quando ficava com raiva, virava o HULK! No início, me aborrecia ainda mais. Depois passei a achar graça. Imaginem eu me transformando naquele bicho horrível, verde e extremamente embrutecido...!
Então, instigado por minha esposa (ela é psicóloga) e por estas observações que fui fazendo, comecei a avaliar-me e pensava: "Como posso permitir que meu filho, que tanto precisa de minha ajuda para coisas tão simples como tirar a roupa, alimentar-se e andar, me veja irritado, com aspecto tão transtornado ao ponto de ser comparado ao Incrível Hulk?"
Iniciei meu, talvez, mais importante processo de mudança, ao ponto de hoje ele, meu filho, mencionar  "quando você se transformava no Hulk, né pai?".
Claro que hoje ainda estou longe de ser um pai e um marido exemplar, tampouco anjo, mas acredito que estou um pouquinho melhor do era. Continuo exercitando minha paciência e tolerância, acreditando que a forma mais eficiente é pensar que:
  1. Não devo nem posso esperar nada de ninguém. Ao contrário, devo eu oferecer o melhor de mim. Se cada um fizer isto, nós também só receberemos coisas boas.
  2. Cada um tem seu próprio tempo para suas realizações. Não adianta querer que as coisas aconteçam no nosso momento, já que somente colheremos da nossa semeadura na época certa.
  3. O melhor é ser verdadeiro consigo e com os outros.
  4. Nós não nos cansamos. Os irmãos que, forçosamente, trabalharam no período escravocrata e viveram nas senzalas, estes sim se cansaram! Todavia, importante se faz um tempo de repouso para reabastecermos nossas alma e corpo com a energia necessária para o próximo dia.
Então, convem dar sempre uma olhadinha ao redor a fim de verificar se não há alguma coisa acontecendo em que precisemos dar atenção.
Acredite que sempre há melhorias esperando por nós para acontecer.


Jáber Campos - Aprendiz de gente.'.

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