Dia
desses, numa rede social, vi uma frase que mencionava, dentre outra coisa, a
questão das pessoas não serem, verdadeiramente, aquilo que demonstram. Me
pergunto: e daí? Cada um se reveste daquilo que lhe for mais conveniente.
Há
uma frase atribuída ao diretor teatral russo Nicolas Evreinoff: “Somos
seres essencialmente teatrais”. Relata-se que ele queria dizer algo
como que o ser humano tivesse a capacidade de criar algo para sobrepor as
mazelas de sua vida. Penso que seja exatamente isso. Ou, em outras palavras, dançar de acordo
à música. Ou seja, tendemos a nos ajustar às situações sem, com isto, perdermos
a nossa identidade. Assim, podemos voltar à frase com que iniciei este texto.
Por
mais que tentemos nos incorporar a algum cenário de forma menos dolorosa para
nós mesmos ou, ainda, mesmo que criemos uma personagem para vivenciar alguma
experiência, nossa natureza íntima se manterá e, em dado momento, não mais
conseguiremos prosseguir no enredo. É como se a personagem envelhecesse e
morresse.
Neste
ponto, nossa máscara cai. Mas, e daí? De quem é a responsabilidade por isso,
senão do próprio “ator”?
Para
nós outros, que apenas participamos da encenação da vida real desse ser como
figurantes, não raro, fica a frustração por começarmos a enxergar um ser que
não conhecíamos. Sentimo-nos como que traídos. Isto se dá pela mania, quase
visceral, de esperar algo do outro. Todavia, nossa aflição, nossa frustração e
nossa dor, com uma boa dose de racionalidade, passará. Já para o ente que elaborou o elemento fictício, caberá
responder por alguma arbitrariedade e por seus males, caso os tenha cometido.
Afinal, somos responsáveis por nossos atos, aqui e acolá.
Há
pessoas que só conseguem sobreviver encarnando, a todo momento, personagens
mil. Isto, por si só, não significa erro ou desvio de conduta, afinal ninguém
vai à um velório para ficar dando risadas, assim como ninguém vai à um show de
comédia para chorar.
Logo,
antes de fixarmos um rótulo em quem quer que seja, precisamos apreciar
minuciosamente seus atos, com imparcialidade e racionalidade, para que não
sejamos os próximos a serem avaliados pelas Leis Naturais.
Jáber Campos - Aprendiz de
gente.
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